terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Sentado No Café


Sentado no café, a brisa de final de tarde atravessa-me a espinha, os meus olhos parados na rua.
As pessoas caminham vagarosamente, embrenhadas em conversas e perdidas em sorrisos, centenas de vidas diferentes, de relações e de sentimentos, os estados de espírito amontoam-se, e ao vulgar observador é tudo demasiado complexo.
E pergunto-me a mim, como é possivel compreender este mundo, como é possivel conhecer tudo à minha volta?
Cada pessoa é uma história, com nomes, sentimentos, enredos, index, notas de rodapé e toda uma vida registada,e cada pessoa que caminha é assim, e portanto uma rua é uma enciclopédia, onde centenas de entardas nos registos se localizam, e como posso ser eu indiferente a isto?
Sentado no café passam as notícias da morte de três pessoas num automóvel, e pergunto-me a mim mesmo como todos os que vêem a televisão no café, não chorem as suas mortes.
São pessoas que morrem, são vidas que se perdem, é um pouco do mundo que desaparece, páginas de livros que acabam abruptamente. E no entanto, a mente humana não consegue conceber tamanha perda, vê apenas os números a passar.
Não se vê os sentimentos, as lágrimas por trás destes números. As memórias que nunca vão existir, os momentos que nunca vão acontecer,a s relações que nunca vão acontecer.
Sentado num café observo o mundo e o quão éfemera é a vida, e olho perplexo, vendo as pessoas oblivias a tudo á sua volta. Talvez seja melhor assim, ser feliz com ignorância da morte.
Um dia, o nosso dia há-de chegar, portanto lembro-me de que o melhor é aproveitar cada segundo, o último pode ser já a seguir.

Peter Sundowner (agora tenho que assinar pelos vistos)

Nenhum comentário: