quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Crónicas da Irrealidade- O salão de jade


O salão de jade, a sala oval onde todos os sonhos se tornavam reais. Onde o sonho era a realidade e a realidade era um sonho.
Sentado em mesas triangulares, desde canibais a esfinges, de locutores de rádio para surdos, havia de tudo um pouco, a nata sem gordura da sociedade. Os palhaços voavam sobre as colunas do tecto.
No balcão o cão conversava com o xerife sobre o estado da economia, a invasão dos elefantes roxos ameaçava destruir as colheitas de metal.
- Esses malditos pardais! Eles destroem as colheitas quando cagam aqueles malditos elefantes. - Cospe o xerife com tragos de tabaco nos lábios
O cão replica simplesmente- ão ão.
No salão de jade todos eram livres de serem quem queriam ser, não havia regras senão a originalidade. "O mundo é um céu que devemos explorar a cada segundo de existência" diz o porco de pérolas.
E o bombista de queijo sorri e acena o turbante para a mulher-macaco, dama da praça alta de rabo de peixe. E o carcereiro cospe:
- Aqueles ignóbeis marsupiais dos terroristas, pensam que me roubam a mulher macaco.
Levantando-se elegantemente como uma dançarina eleva os punhos de pedra, e entrega um murro expresso na face do terrorista que cospe sangue de areia, ora isto por ser árabe.
E despelota toda a confusão. Os pinguins piratas comendo da carcaça dos canibais etiopianos, a mulher-macaco agarrada ao candelabro, as dançarinas de canivetes na mão degolando os jovens australianos.
Uma noite normal no salão de jade.

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