domingo, 24 de fevereiro de 2008

The Only Moment We Were Alone


As persianas levemente abertas, os raios de luz dos candeeiros de rua diminutos que entram pelo quarto, iluminando a parede azul.
O som dos carros na rua, passando por poças de água e a chuva que não pára de cair, os lençõis dobrados e enrugados espalahdos pelo quarto.
Enquanto dorme todo o bairro, encontro a vida pelo silêncio, pelo simples olhar, pelo simples toque.
E o mundo parou, pára pelo meos hoje, pelo menos para nós, temos esse direito, não nos podemos dar ao direito de quebrar este momento, assim foi o destino que o quis, temos que aceitar quem somos, como somos, neste momento.
Sorris, e eu também, passo a mão pelo teu pescoço e lembro-me de cada detalhe para nunca mais esquecer, apenas preciso de pensar em ti, para me alegrar. E cá estou eu solto, verdadeiro, sem anda a temer, sem nada a esconder.
E deitado no chão, deitado contra o soalho frio, sinto o bater do meu coração, sinto a verdadeira sensação, o verdadeiro momento, o simples sabor da vida, contigo ao meu lado.
E não preciso de palavras para expressar o momento, não preciso de pensamentos para justificar acções, tudo o que acontece aconetcue, estava planeado e assim foi, e assim se repete, e assim fica, uma mais memória vivida, que perdura na memória, onde poderei sempre encontrá-la.

E mantenho-me quieto, e manténs-te quieta, por um segundo somos importantes, por um segundo o mundo fica do outro lado da janela.

O silêncio. Como é bonito. Recito-te a melhor poesia quando estamos calados.
Esperas por mim na plataforma do comboio.
O teu cabelo negro a esvoaçar com o vento, as tuas sardas a contrastarem com a pele branca, o teu lenço verde que voa no ar e perde-se, e não reparas.
Olho para ti aquando a minha saída e sorris fragilmente para mim.
- Ficaste muito tempo à espera?
- Não.
- A sério?
- Sim.
Mesmo duvidando continuamos a caminhar pela estrada acima, apertas o meu braço procuranndo alguma convicção que já nem tens na tua pessoa, pareces distante, pareces outra pessoa. Os teus passos leves, a chuva que caía, o teu cabelo molhado, e o teu ar sério, inquisitivo e perdido no mundo, um olhar que nunca cheguei a perceber.
- Está a chover.
- Eu sei.
- É deprimente, especialmente estando eu tão feliz.
- A chuva não tem sentimentos, não sei porque tem a mania de dar sentimentos às coisas que não os tem.
Calo-me e sorrio, não preciso de pensar nisso netse momento. Agora estou contigo, e estamos juntos, enquanto isto durar, nunca haverá chuva na minha vida.
Caminhamos solitáriamente pelo Chiado abaixo.
- Tive 16 a História.
- Parabéns.
- Não foi nada.
- Está bem.
Revalidas o teu amor com um aperto no meu braço. Mas, não preciso que tenhas pena de mim, não quero que seja assim, continuamos a andar, a chuva continua a cair.
Subimos a uma escada da igreja e dás-me uma festa na cara, os teus olhos já não são verdes, são de uma cor que não consigo distinguir.
Já não sou quem era, pois agora apra ti, pareço igual a todos os outros, valores de intelectual com os seus autores e as mesmas inseguranças e opiniões.
- Gostas de mim?
- Gosto
- Ainda bem.
Ficamos lá um pouco, já não somos quem éramos quando começámos, nem somos quando acabámos, continuámos a andar, eu sorrindo, e tu olhando para o lado, decidimos andar um pouco.

Let Me Help You Helping Me



Estou aqui para te apoiar.
Olho-te nos olhos, olhar do outro lado da rua, sem nunca pensar realmente em algo a dizer, não preciso de saber o que dizer, apenas preciso de dizer. Criador de pontes, meu nome será.
Preciso de me ligar, criar laços entre coração, olhos, coração. Preciso que me digas o que te pesa na consciência, que pensamentos te fazem doer a cabeça, e aqueles que te incomodam, os que fazem deixar as lágrimas.
E não sou o mais belo dos cavaleiros andantes. As minhas calças estão rotas, os meus bolsos vazios, a minha pele envenenada e a minha barba por fazer, mais uns meses e pareço um vagabundo, portanto a grande questão será se sou digno de confiança.
Muitos dirão que não, não os posso culpar, falhei a muitos, e a muitos outros falharei ma,s por enquanto preciso disto, deste momento em que posso fazer a diferença ou pelo menos ser honesto, deixar-me largar e falar, comunicar, tentar melhorar.
Já tive complexo de herói mas, o tempo ensinou-me melhor, e sei agora até que ponto algumas estrelas estão longe, no entanto a minha arrogância leva-me a acreditar que agora este pode ser o momento para estciar a mão.
E porque digo isto? Precisarei de me validar como ser humano, abster-me do meu próprio pensamento e dilema, ou estarei só ainda preso a um complexo.
Preciso disto, porque tu és eu. Estou em cada uma das pessoas que conheço e elas estão em mim, os seus sorrisos são os meus, e a sua ausência é a minha ausência.
Por isso faço isto por egoísmo, por mim. Porque são o meu sorriso, porque são a minha felicidade, todos e ninguém, ajudar-vos não é uma opção é um dever, pois parte de mim são vocês, e eu acredito ser também parte de vós.
Por isso preciso disto, para quê? Para ser feliz obviamente

So It Goes


Permitam-me divagar sobre Vonnegut durante instantes, todos as ideias e teorias que me fazem sentir confortável, talvez mais calmo do que alguma vez tenha estado.
Largo-me e separo-me no tempo, sou agora o sexto na casa de carrasco nº 5, sou um caminhante da quarta dimensão, eu estou livre no tempo.
Vejo tanto o ínicio como o fim, vejo todos os momentos, cada pormenor sem alterar, todas as humilhações, prazeres, repulsas, e ódios, vejo a minha morte e a minha criação, sem nunca mudar, sempre o mesmo passo, deixo-me recriar a mim mesmo.
E é esta a grande natureza do tempo. Repetir-se, como água, cada partícula não mais importante que o outro, apenas existentes, repetindo-se, sem nunca parar, vida, morte, nada e tudo, ao mesmo tempo.
E se é assim, olho para os punhos cerrados de amiga minha e quando a olho já não vejo a tristeza, ou a felicidade que deixou lá atrás, para mim ela só está num momento mau, ela no entanto é todos os momentos, todas as alegrias, a tristeza dela é fácil de negar, ela tem tantos momentos bons atrás.
Passado, futuro, presente, deixa agora tudo de importar, pois estou agora feliz, estou zangado, triste, apaixonado, aterrorizado, dependendo do momento em que vou parar, é isto que é importante perceber, a minha vida está em toda a minha forma, em cada momento.
E estando tudo, sempre a repetir-se, sempre a rever tudo, penso para mim mesmo que cada drama, cada perda, são só momentos menos bons, posso lembrar-me de melhores, posso fazer melhores, se não os fiz já, as oportunidades e possibilidades são infinitas. Onde já pensei, penso agora, onde sonho hoje, irei sonhar amanhã, somos todos contínuos.
E portanto, somos para sempre. Somos este sorriso de amigos, numa varanda à meia-noite, dançando e cantando. Somos dois desconhecidos bêbados a verem vídeos de terror. Somos estranhos a comprar um livro, a conhecermo-nos. Somos desconhecidos a falar de música numa manhã de Outubro.

E no entanto somos isto, somos duas pessoas, presas apra sempre, em todos e cada um dos momentos. Estou preso para sempre em momentos e agora somos dois jovens a conehcermo-nos pela primeira vez, a rirmo-nos, ingénuos sem o futuro para nos arruinar, e que brilhante futuro esse passado foi.

O beijo que seria para sempre, foi, é e será sempre eterno, no tempo repetindo-se. No meu coração e no universo ainda temos uma alternativa, ainda temos momentos, preso num fio linear, não te tenho mas, sei agora que tenho, tive, e terei-te sempre. Momento que se repete eternamente, neste caminho linear, na memória.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

We used To Spit Venom. Now We Just Rest


Um barco afunda-se no horizonte, uma tempestade que não cessa, chuva que cai sem parar, uma cortina transparente que difunde mistério e propaga melancolia.
Ao fundo as velas parecem-se arrastar ao som do vento, brancas e rasgadas atiradas e contorcidas ao som e força das ondas, a tempestade que maltrata os que o mar ousaram conquistar.
Caminho para a ponta da areia, os meus sapatos húmidos e cabelo encharcado, atrás de mim nada há senão contornos escuros, estou fechado numa cena de sonho, eu e o mar tempestuoso que ameaça consumir a terra e revirar o mundo.
E o barco procura resistir, apercebo-me que nada da vida é para tentarmos evitar, não vale a pena ser rocha no rio, se vamos ser sempre arrastados.
E porque evito eu pensar, porque procuro eu ser barco numa maré e tentar navegar, quando na verdade em mim está a tempestade, tentando quebrar o meu desejo. Sinto-me cansado, à espera de uma voz que se perde.
Diz-me quem sou, tira o peso do tempo e da memória, liberta-me da consternação e da solidão, suspiro, toda a melancolia num gesto.
E sabendo agora que não vale a pena, deixo-me ir sorrindo, tentando avançar pelas ondas. O casaco que passa pela água, o passado lá atrás, os pés submersos, a onda que cai, os olhos que se abrem no fundo.
E a espuma puxa-me para o fundo, e a tempestade parece longe, a luz do sol também, nem costa nem casa por perto, no entanto não penso.
Deixo-me cair, sentir a areia entre os meus dedos, o barco afundando-se comigo, passando ao meu lado, protecções e alma que se deixam cair no mar.
E fizemos um longo caminho para chegar aqui, no fundo, a cair sem rumo, entre ondas e múrmurios, a solução finalmente encontrei.
E ouve o mar a tremer ao som do meu coração, e ouve a minha vida a gritar dentro de mim, a tempestade lá em cima, na minha vida, o infinito abismo do mar o meu sonho.
Nunca desejámos que acabasse assim mas, as memórias e os nossos actos trouxeram-nos aqui, quem és não sei, quem fomos jamais esquecerei.
Mas, chega de pensar, de sonhar e de lembrar, agora no fundo do mar, no silêncio e no isolamento, posso finalmente descansar.
O amanhã é só mais um dia para um rapaz com alma de marinheiro, coração de vagabundo e vontade de caminhante

E Tu Dizes Que Sou Mas, Eu Não Sou.


Poeta. Algo que realmente não sou.
Pelas mais diversas razões, que enumerei a seguir, sou um simples amante da escrita e sem talento para as palavras, sinto que me são instrumentos demasiado estranhos, quando de facto deveriam ser a minha segunda pele.
O que screvo são simples brincadeiras de recreio, inocentes tentativa de algo que nunca vou dominar.
E não sou poeta porque não consigo dar significado, significado às palavras nem aos momentos, não ligo pessoas a palavras e é meu dever ligá-los, como um elo de diamante que não se quebra mas, simplesmente falho, e a escrita torna-se impessoal e sem sentimento sem algo a que alguém se possa agarrar.
Não sou poeta porque não consigo jogar com as palavras, como se fossem simples magia na ponta dos dedos, penso logo não escrevo, verdadeiro poeta encontra-se preso à sua alma, e quando toca não pensa apenas deixa a caneta seguir, e não sou assim, sou um simples pensador, pensar é o meua dversário pois não me deixa usar a sensação.
Originalidade escapa-me mas, será semrpe assim. Não há ninguém a que se possa chamar de original, tudo o que havia a ser feito foi feito, e por mais que tente não consigo imaginar nada a seguir, e portanto, não consigo imaginar nada que eu consiga fazer.
Por fim, não tenho coração. Falta-me o amor e a vontade de ser poeta, não consigo dar-me a um poema nem a uma frase, escondo-me da mais sincera das minhas palavras, sou um evasor da minha própria vida.

Algo que não foi bem pensado ou criado, surgiu


- Sinto-me deprimida e cansada...
- Deixa estar. Não precisamos de bom-humor para ter bons dias, vamos todos pegar nos sapatos de dança, e dar um rodopio no palco. Vem minha amiga perde a tragédia, vem minha amiga deixa-me mostrar alguma magia.
Não olhes para mim com esse aspecto, hoje é uma festa. Cada um de nós salta ao som de lzues incandescentes, vem comigo e dança, pois conseguirei dançar sozinho o retso da noite.
Posso não ter mais amigos neste mundo mas, contigo dançarei, danço por seres minha menina, minha senhora, minha mulher e minha amante, estas lzues são para ti.
E contam-se os anos, e os momentos, fotografias e músicas, precisamos tantod essas coisas? Ou podemos atirar tudo pela janela? Dança comigo caso haja um palco ou pedras, pode ser em frente à lareira ou em frente ao mundo, tornemos fantasmas de dias piores, em tentativas de chegar ao céu inatingível.
A vida são dois apssos de dança, o primeiro é abrir os olhos e o segundo é fechá-los, não me deixes dançar aqui sozinho, não receies o mundo que treme, não treme para nós, treme por nós, somos danaçrinos e fugitivos, não precisamos desta exacta realidade para dançar.
Não tenho ninguém no resto do mundo, por isso somos só nós, num canto ou numa ponta, um passo para a esquerda, e um movimento para a direita, vem minha amiga perde a tragédia, vem minha amiga e eu mostro-te algo que mereça o teu pensamento.
Depressão e introspecção não são apra nós.
- Não me apetece.
- Está bem.

These Lines I Won't Say, This Time I'll Never Be Fine


Os meus dias tem sido feitos de pôres-do-sol clichés e longas tardes de chuva que parecem não acalmar.
São todas estas caras familiares mas, a mim deixam agora de dizer algo. As memórias valem mais do que uma fotografia, essa vale mil palavras, quantas palavras estarão afinal em cada uma destas farses?
Espero na paragem sentado e olhando o fundo da estrada,a chuva caindo nos meus sapatos, e o mar distante, atrás de muros de pedra e arvoredos, parece um apelo, um apelo aos meus pés cansados e dos meus olhos semi-serrados que nunca estiveram realmente fechados.
E com quem posso realmente falar? Sinto-me estranho e amigo de estranhos, sinto-me perdido num sentimento, sentimento esse que nunca me larga, preso a mim feito sombra, uma febre.
E tudo está na ponta dos teus dedos. Dizem que não és a solução, que não precisod e ti para me fazer feliz mas, desde que te vi que nunca mais consegui voltar ao meu caminho, logicamente sinto-me em dúvida sobre que direcção tomar, uma simples questão mas, que para mim é mais uma tarefa impossível.
Se alguma vez me apaixonei, sei que foi há uns tempos, quando andar de comboio ainda me fazia sentir expedicionário, quando andar ainda me fazia sonhar, neste momento, apenas me parece um longo caminho a percorrer.
Se ainda gosto de ti é a pergunta, a resposta é não. Não deixa de valdiar que me sinto sozinho desde que foste embora, sem mundo ou ouvidos que me realmente escutassem, gosto de memórias, não de pessoas, quanto a ti, nem um abraço me diz algo neste momento.
Preciso de novos amanheceres


Gostava de termianr com uma citação bonita mas, ser original é demasiado cliché

A Viagem de Carro de John Ripperton & os seus pensamentos:


Começo esta viagem como começo todas as outras, atrás do volante, o braço no parapeito da janela do carro, a brisa do mar a passar-me pelo nariz enquanto atravesso a beira-mar a uma determinada velocidade, acima de mim são tudo luzes, um céu estrelado de lâmpadas de estrada.
Tenho pensado bastante no significado das coisas, no que fiz, no que haverá pela frente, um pouco como uma estrada, uma longa introspecção.
Ao meu lado vai a Sonia, o pequeno sorriso valioso e bonito que me apaixona ainda hoje, os cabelos encaracolados caindo sobre os ombros, os olhos azuis olhando pela janela, uma descrição vaga mas, não é preciso saber mais.
Olho também eu pela janela, a noite já vai longa. Acendo um cigarro e olho a serra no horizonte, a praia à minha esquerda, as ondas morrendo na areia.
-Achas, que vai ser sempre assim?
Olhei para a Sonia perplexo, o que iria ser sempre assim? Seríamos nós sempre assim, apaixonados, que queria ela dizer com aquelas palavras.
-Como assim?
-Tu sabes...assim.
Olhei levemente e sorri, gostava de sorrir para ela. Gostava de vê-la rir-se para mim, fazia-me sentir feliz, e acho que também a fazia feliz.
Não percebo muito do futuro, e tenho medo de tentar adivinhar, acho que se continuarmos assim, não há nada a temer, não achas?
Sonia não respondeu, sorriu de novo e voltou às suas observações do céu estrelado, eu voltei aos meus pensamentos.
Pensamentos esses que nunca me deixam, impressionante como a minha mente divaga sem eu sequer lhe ter pedido, como avança por caminhos nunca pensados à partida e se perde.
E futuro, não gosto de adivinhar, tal como tinha referido. Não gosto do futuro por ser demasiado imprevísivel, por não saber o que esperar, por ser dádiva e uma ferroada, e que interessa pensar num futuro que não podemos controlar quando temos este momento que se prolonga mais do que o tempo que lhe é dado. É uma dádiva a noite, pois pode prolongar-se consoante o momento, e marcas são feitas à superfície da pele.
E o ar da noite continua quente, é uma noite de verão que aquece-nos, e encontramo-nos sem caminho. Quando não se tem um sítio onde ir não há nenhum lugar onde tenha que ir, podemos apenas dispersar-nos e fazer parte da paisagem.
-Está uma noite bonita.
-Pois está, faz-me lembrar a nossa cidade-natal.
-Pois, talvez...
-Lembra-me o porto. Lembras-te do porto?
-Lembro-me claro, quando era pequeno ia sempre lá brincar com o Domenic e o Geno.
-Como vão eles?
-O Domenic está a trabalhar como motorista de autocarros, o Geno...
-Não precisas de dizer, a Sylvia contou-me.
-...Está bem.
-Para onde vamos?
-Não sei bem.
-Dizes-me quando chegarmos?
-Está bem.
-Gosto das estrelas, fazem-me lembrar como somos pequenos.
-Eu gosto delas, por serem a inspiração de tantos.
-É um bom motivo para gostar de estrelas.
-Concordo.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Quem Sou Eu?


Muitos chamam-me de estranho, outros peculiar, no entanto torna-se díficil perceber quem realmente sou.
Sou alguém, perdido num mundo extenso, cheio de perguntas e respostas escassas, andando um pouco por todo o aldo, encontrando um sítio a que possa chamar casa. E não são quatro paredes, nem são telhados, para mim essa sensação de lar desapareceu à muito, algures numa curva do passado.
Chama-me doido e louco mas, sinto-me no máximo da minha compreensão. Preso por um vento gentil que me percorre a mente, preso apenas pela gravidade ao chão, um dia sonharei em ascender.
Serei sempre um retornado, nunca descansarei pois a longa estrada chama-me, um apelo do desconhecido horizonte que parece a cada dia me absorver mais, um caminho solitário na conquista do ser.
E estendo os braços ao céu estrelado. Crio memórias em simples momentos, polaroids que guardo em mim mesmo, e sonho... Sonho um dia acordar e saber que vivi ao máximo, que fui rei e senhor do sonho, que não deixei a vida passar ao lado.
E poderão pensar que nem sempre penso mas, nunca deixo. Penso em tudo o que não pensam, penso nos pormenores e nos segundos, como um último suspiro que nunca parece acabar, os outros pensamentos que devia ter? Esses nunca mereceram muita preocupação logo de ínicio.
E qual é o meu destino? Nenhum. É uma estrada longa e sem nenhum lugar onde chegar, não há sítio onde realmente tenha que estar, sou dos meus pés e do vento que me passa entre os dedos.
O grande sonhador, e eterno amante do desconhecido, sou uma chama que espera nunca se apagar, e iludido sou, e iludido serei, porque enquanto sonhar, vivo estarei.
Por isos chama-me de louco, doido ou maluco, sou tods, e sou nenhum. É preciso loucura para dar um passo na vida, e é preciso ser doido para entrar por caminhos inimagináveis. Posso não fazer boas escolhas mas, as que faço são sempre minhas, e não de outrem.
Sou filho do mundo, e essa é a minha vontade. A de ser feliz, a de ser um caminhante, vândalo de avenidas e estradas, de florestas e alcatrão, serei a perspectiva distorcida de um mundo para o qual sou doido.
Quem eu sou? Alguém que não conheço muito bem mas, que tem uma vida inteira para descobrir.
E termino, partindo para outras paragens, para sonhos e patamares só alcançáveis na minha hora de descanso.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Blah Abbadah


Simpatia de estranho. Quem sou senão um estranho para o mar de almas nesta colina, que caminham nas suas vidas.
Poderei sorrir, e todos questionarão, estarei a rir do quê? Espaço para imaginação não existe num mundo que não parece parar, sempre na eterna corrida por aquele menor grão de vida.
Se não encaramos a vida com humor, nada resta senão a ilusão de um dia ser feliz. Como serei feliz se afundo o meu barco nesta travessia que é o mundo, simplesmente sorrio face à adversidade.
Suicida ou Louco só o tempo dirá. Mas, até lá serei caminhante e mensageiro, serei relatador e sonhador, mais um dos espiritualmente adversos, que não se integram mas, integrar é uma ilusão, porque se formos por regras, regra é ser descartável.
Morres para chegares a algum lado, ou morres por algum lado ter de ir? Se a vida é uma estrada turbulenta, dá-me directamente, e positivamente irei alienar-me do conceito e tornar-me enamorado da vida.
E somos todos alguém mas, quem somos quando sacrificamos o pensamento a favor da segurança, da monotonia e da rotina, sou calmo e continuo a rir, não é um resultado negativo num teste, um desaire no amor, ou um dia perdido que me vão pôr em baixo, o dia em que deixar de rir, é o dia em que perder conatcto com aquela alma que lá no fundo do ser julgo existir.
Por isso sim, caminham todos abaixos de mim, sem perceber porque me estou a rir, estou-me a rir, porque a vida é tão simples quando se pára e respira fundo, o amanhã é só mais um dia

Dance By The Light, Be My Firelight


Dormimos toda a noite na praia, as nossas vozes são as fagulhas que aquecem esta fogueira a que chamamos nostalgia.
Ouvimos músicas no nosso rádio transistor e perdemo-nos, os teus olhos a brilharem no reflexo do oceano. Dança comigo hoje neste palco de areia e sê dançarina, cada canção triste é apenas lenha para a fogueira, hoje à noite enterramos fanatsmas em rochas que o mar engolirá, hoje pomos o passado atrás.
E de onde conheço esses olhos? Dança agora ao sabor das estrelas, o nosso diálogo é à base de histórias e contos dos nossos episódios de aventureiros.
E fomos todos tão jovens, relembrando como os sonhos se reflectiam nos candeeiros da berma da estrada, a admiração na lua tão acima de nós, e agora cá estamos no final, simples e prontos a desvanecer.
E esta cidade perde-se no vento, estamos presos ao sonhar, dançamos esta noite, noite sem horas ou minutos, perdurando para sempre na memória, teremos saudades de relembrar as saudades que temos.
Canto e danço, e todos nos perdemos mais uma vez, o amanhã não é importante enquanto tivermos o luar, não preciso de mais do que um sonho e os teus braços, deixa-me ver-te dançar, maravilhado,e squecendo o meu passado.
Perdemos sono a pensar em tudo o que fizémos, neste momento só contam como atingimos expiação, hoje somos só nós, o mundo poderá ver-nos como somos.
Faz-me sentir, como eu costumava sentir-me, dança, dança minha senhora, ensina-me os passos e os movimentos, quero saber como é o sentimento de estar apaixonado de novo.
Vencer ou perder já não é importante, fomos alunos de escola, hoje somos alunos da vida, minha querida, hoje recordamos todos os momentos que ficaram lá atrás, e pergunto-me de novo: " De onde vem o brilho desses olhos?"

domingo, 10 de fevereiro de 2008

20 de Setembro de 1947-


“É tarde e escrevo. Sobre? Não sei bem, qualquer coisa a ver com o meu irmão Sonny.
O problema não é sobre o quê, é escolher a informação, o que eu quero retratar. Poderia escrever sobre as suas virtudes e defeitos, sobre os seus feitos ou histórias mas, penso que não consigo, porque também não sei a quem estou a escrever, nem sei para que serve isto, escrever.
Embrenhei-me tanto tempo na minha escrita que deixou de fazer qualquer sentido, ambições e objectivos sem qualquer sentido, porque agora no final o que acontece, é que o meu irmão está morto, e eu nada fiz.
Hoje foi o funeral dele, e que estranho de toda a gente que estava lá, nenhuma delas conhecia realmente o meu irmão, ninguém sabia quem ele era, penso mesmo que alguns nunca o cumprimentaram na vida, e no entanto estavam lá, de luto.
E nós Mirror? Onde estava cada um de nós? Meu pai está morto há cerca de quinze anos, e a minha mãe faz no mês que vem oito, a Catherine, está algures no Arizona, com o marido, o Coronel Ralph McFinnegan ou algum nome irlandês derivado.
Isto lembra-me o meu irmão, os meus pais, a sua morte. O Sonny esteve lá no dia em que o meu pai morreu, eu não, estava já em Chicago.
Nas palavras dele, que encontrei num dos velhos diários dele, cadernos rabiscados quase sem nexo:

“Hoje o meu pai morreu, senti-o nos meus braços quando largava o seu último suspiro, o cabelo branco passando entre os meus dedos, o relógio parado.
E ele sorriu, antes de cair ele sorriu, despedindo-se, como se soubesse que era aquele o momento, em que iria dizer adeus. É estranho escrever sobre ele, sabendo que nunca mais o vou ver, que a imagem dele, sorridente e com o bigode característico, fumando um cachimbo, esta imagem que fica gravada mas, que nunca mais irei viver, neste momento não sei o que sinto, só sei que ele devia estar aqui. “

Poderia transcrever na integridade mas, do que valeria? O ponto que pretendo fazer é que, ele devia estar aqui, por mais impossível que pareça ele não estar, sei que ele devia, pois ele era o ser humano mais extraordinário que conheci.
Nunca se zangava, nunca o vi gritar, nunca o vi cometer um erro de julgamento, via tudo com calma e sinceridade, e eu, tentava ser como ele mas, o meu humor e personalidade nunca conseguiam competir, demasiado efusivo, ele, demasiado calmo.
Outro ponto, quando o meu pai morreu, eu fugi. Não tendo uma relação como a de Sonny, pensei que era melhor afastar-me, fiquei em Chicago, isto é, até ele comprar um apartamento e eu ter ido viver com ele. Mas, o que queria dizer é que foi o Sonny, foi ele que reparou tudo, foi ele que tratou da família.
E agora, morreu. Por mais que tente perceber porquê, não consigo. Tinha-se casado com a Cindy, parecia feliz.

No entanto algo sei sobre o Sonny, ele escondia o que sentia para não preocupar a gente à sua volta. Isso apenas me faz sentir culpado, por me ter afastado dele, por o ter deixado sozinho.
Não sou como os seus amigos próximos do funeral, que achavam que ele devia ser mandado para um hospício, ele não era nenhum louco, acho que uma das respostas poderá estar na escrita dele:

" Quando morreu, morreu a infância. O meu pai era a ponte entre quem eu fui, a inocência de ser uma criança. Todas as crianças são inocentes até verem o mundo, até o mundo os ter abatido. Ele morreu, já não sou criança"

Escrevo lentamente, e gostava de escrever umas frases simples sobre o meu irmão, sobre quem ele foi mas, acho que nunca vou conseguir, eu não o conhecia, nem ele mesmo se conhecia, no entanto, continuava a ser meu irmão, e tudo o que sei dele, tornou-me alguém melhor, mesmo que a Catherine diga que eu queria ser como ele, talvez seja verdade.

E como se escreve sobre perder um irmão? Como se escreve sobre perder um melhor amigo? Especialmente desta forma, se fosse acsa teria desabado, pois não conheço maior sofrimento do que ver uma das presenças da minha vida desaparecer para sempre, roubado no instante, poderei parecer frio mas, não sou, apenas não quero pensar em porquê, apenas quero descansar, beber até adormecer, ainda é muito cedo para só ter saudades.



Sonny Mirror
Irmão e amigo
Todos os momentos futuros que não temos
Na minha memória permanecem"


Simon

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

You fell Somewhere Between The Tree And It's Shade


Brisa Primaveril, o descongelar das memórias, os corações que fechámos sob o silêncio do Inverno, os sonhos que deixámos escapar por entre as árvores despidas e os suspiros congelados que vimos espairecer, tudo derrete, e o mundo volta a aquecer.
Sentados no promontório, o desfiladeiro abaixo de nós, e perguntas-me se vou caír, e eu digo-te que já caí. Larguei-me ao profundo desconehcido, livrei-me de pesos e fardos e senti-me único uma alma simples, caíndo sem parar, dentro do infinito.
Alma de sonhador, dizes tu em meus braços, talvez sim, talvez não. Pois sonhos são efémeros, o desejo de paz no fundo do oceano, esse não desaparece.
E as árvores que nos cobrem agitam-se, o vento que paira sobre o campo de flores brancas que voam e fazem disto espectáculo de elementos e pétalas, e tu no meio, estás aqui tu, a dançarina dos meus sonhos.
Os teus olhos verdes, anéis que nunca se quebram nos meus sonhos, a tua pele sardenta, escondendo um sorriso, mão apertando a camisola, cabeça encostada ao meu peito.
E este cenário é tudo o que poderíamos desejar, um lugar que nenhuma ponte consegue alcançar, um lugar ao qual só tu e eu temos a chave, a chave que tu já largaste algures na vida atrás.
E no entanto, este despertar das Estações aquece o meu coração, lembra-me dos teus pormenores, e começas a voltar para mim, um detalhe de cada vez. Primeiro uma mão, depois um braço, por fim um pescoço, um sorriso, uns lábios.
E que perfeita fotografia esta debaixo das árvores, o desfiladeiro debaixo de nós, onde estamos? Estamos num lugar onde cumprimos as nossas promessas, onde ficaremos sempre.
Este cheiro de oliveira parece-me real, a frescura da relva nos meus dedos também, a maresia parece-me tudo tão real.

E seria tão bom se fosse verdade, no entanto é só uma miragem, e quando sair deste mundo, será só um fardo. E por isso caio do desfiladeiro mais uma vez, tentand separar alma de corpo, coração de sensação, mundo de imaginação, e quando toco na água sinto o silêncio, debaixo do mar, no cantar da onda estarei descansado, as tuas memórias, fazem do meu corpo um fardo.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O jogo das escondidas


Estava-se no dia mais quente do Verão em Nova Iorque. O sol iluminava as copas das árvores de Central Park, o barulho das crianças a rir prolongava-se em eco pelos jardins.
A rapariga ruiva começa a correr, apoiando-se nas árvores procurando alguém escondido atrás dos carvalhos antigos mas, sem resultado.
Olha para baixo, vendo o caminho de pedra onde caminham famílias felizes, repra num senhor de chapéu de feltro, casaco cinzento, e um sorriso magnífico, parecia uma estrela da Broadway.
Também ela queria ser uma estrela de Broadway. Queria ser como a Judy Garland, dançando debaixo dos holofotes, sendo aplaudida por casas cheias, os críticos deslumbrados, as mulheres com inveja, os homens apaixonados.
Queria entrar em restaurantes e ver as pessoas a sussurarem o seu nome, ter a melhor mesa, junto à janela com vista para o Hudson. Cnvites para as melhores festas, e nelas ser a rainha.
Suspirou. Não era provável acontecer tal coisa. Não por falta de vontade mais, por volta de oportunidade.
Ela não era uma princesa, pelo menos aos olhos dos pais, para os pais só havia os dois irmãos dela. Talentos sobrenaturais da literatura, e do conhecimento, tinham aprendido a ler aos quatro anos. O que importava isso?
O que importava realmente isso? Para ela, todo o conhecimento do mundo não eram suficientes se não havia maturidade por trás disso. E nãos e referia a maturidade em termos de carácter, isso eles tinham, ao ponto de aprecerem dois velhos, no entanto não se preocupavam.
Não queriam saber de dinheiro, nem do seu futuro, deixavam tudo nas mãos do Deus dará. A leveza de espírito é toda muito bonita mas, há contas a pagar, e eles simplesmente não queriam saber.
E os pais? os pais dela achavam tudo aquilo muito engraçado. Não só a despreocupação deles, como a sua preocupação, achavam querido ter sentimentos maternais tão desenvolvidos.
Era frustrante.
E o tempo avançava, o sol começando a retirar-se por detrás das copas das árvores, o sol reflectindo-se no rio, as pessoas abandonando o jardim vagarosamente, o riso desvanecendo no ar, a luz esmorecendo. E quanto a ela? Ela continuava à procura deles.
A noite começava a pôr-se quando decidiu caminhar para casa, eels sabiam o cmainho, não se haviam de perder, foi aí que os viu. Rindo-se, com uma pilha de livros entre os braços, o mais novo uma cópia do mais velho.
- Onde foram? Passei horas à vossa procura.
- Nunca mais nos encontravas, resolvemos dar uma volta.
A rapariga ficou com as bochechas tão vermelhas como o cabelo.
- Não fiques assim!
- Como não queres que fique assim? Passei a tarde sozinha à vossa procura. E vocês desaparecem, para ir não sei onde, e deixam a vossa irmã sozinha.
- Fomos só ali à livraria...
- Só a livraria?! E se eu fosse raptada?
O mais novo riu-se.
- Quem é que te queria raptar a ti?
- Não sejas assim Simon. Ela até tem razão.
A rapariga cruzou os braços triunfante.
- Obrigado.
- Quem morreu e te nomeou defensor da Catherine, Sonny.
O mais velho sorriu levemente.
- Não fiques assim Simon, ela tem a sua razão.
Simon só resmungou.
- Vá, desculpa Catherine.
- Só desculpo se me acompanharem. É incrível, dão mais valor a livros do que a mim, vossa irmã.
- Não é verdade.
Simon intercedeu:
- Na verdade é.
- Cala-te Simon, vá acompanhem-me que eu sou uma senhora.
- Qual senhora?
Catherine não respondeu.
E caminharam cidade a dentro, passando na Broadway por uns instantes para descansar e para Catherine ver os cartazes de Broadway, e depois debaixo das luzes da cidade, caminharam pela casa, o riso ecoando pelas avenidas e alamedas.