segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um Passeio pt 2

Silêncio que se abate na rua à medida que a noite avança. As estrelas que brilham rivalizam os candeeiros de rua para ver quem ilumina mais, o vento rasga o ar e entrenha-se nas aberturas do meu casaco, o cachecol que me envolve aquece mas, no fundo é tudo aparente.
Aparente porque nada me pode aquecer, cheguei a tamanho estado em que me vejo na rua sozinho, sem casa para ir, farto de dormir no soalho de estranhos, de vaguear pelas ruas, estou farto de caminhar por ruas e vilas, e no entanto cansado apenas da rotina de viajar, pois um novo capítulo e uma aventura poderiam ser aprazíveis.
Desço a rua principal, e só assim consigo aperceber-me do quão longe vai a noite, pois nem os abrigos para os homens mais sombrios se encontram abertos, não há portas abertas para o calor de tabernas, apena so silêncio e portas fechadas.
E estou eu aqui, sem transporte ou destino, apenas andando, vendo as janelas embaçiadas e de longe apreciar os interiores de relojoarias e carpintarias, todos os instrumentos num silêncio e paz imperturbável, um quadro surrealista à espera de ser pintado.
E começa a doer o meu coração, nem o frio apaga a chama da saudade, nem o vento me limpa os olhos sempre marejados. E o que me resta? Sou uma sombra, vivo quando todo o mundo dorme, e desapareço ao raiar da manhã, nem ladrão ou bêbado me acompanha, em meus olhos se vê a solidão, e como cheguei aqui.
Lembro-me de ser criança e andar alegremente, do calor dos seios da minha mãe, da segurança do braço forte do meu pai, e o amanhã, era uma visão gentil, agora é mais um passo do martírio que é a vida.
E sento-me agora encostado a um candeeiro, as casas que me circundam parecem abandonadas, e agora té na minha mente ouço o bater fraco do meu coração, sinto saudade, e saudade me impede de viver, cada suspiro mais díficil, cada gesto mais pesado, respirar de alma quebrada é para mim uma tarefa impossível.
E o vento é tão forte nesta hora, que me obriga a cerrar os olhos, os pés já nem os sinto, enterrados algures na neve, e as minhas mãos gastas como se fosse obreiro, mas, única obra que fiz foi a maneira com que destrui tudo de que bom em mim havia.
A família? Desapareceu, morreu ou esqueceu. Amigos? Afastei-os na minha vontade de mudar, de me tornar adulto, O meu amor? Deixei-o ir embora, julgando ser eu o pilar da minha vida.
E que tenho agora senão o amor do fundo de uma garrafa, e o sabor amargo do meu cachimbo, os meus ouvidos já não ouvem, porque já nem Deus me canta canções de embalar, sou um simples desterrado do paraíso, nem anjos caídos me abrigam.
E a barba que tenho cobre a minha face, deixo de saber quem sou, o tempo desfigurou-me, e agora que penso nem nome tenho, o brilho dos meus olhos afunda-se agora nestas cavidades duras e desaparecem, isentos de vida e amor, apenas contendo a apatia.
E o coração bate mais devagar, e a minha mão repousa sobre o meu peito, procuro um relógio, que representava tudo o que me ligava ao passado mas, a névoa do álcool esquece-me que vendi pelo preço de uma garrafa do uísque mais barato, e cá estou eu passeando à neve, sem nenhum sentido, a vida quebrou-me.
E no meu bolso está um papel, uma carta que escrevi aos meus pais, no verso da que eles me escreveram antes de vir para estas paragens pois não tenho dinheiro para papel, e caneta, essa roubei, apalpo a folha amachucada o mais forte que consigo, contorço-a nos meus dedos e sinto as dobras a tocarem-me na palma da mão, as memórias apertam, a saudade contorce, e meu pulso agarra a carta que nunca enviarei, sinto o choro na minha cabeça mas, não o ouço, sei como soa, a voz cavernosa com pouco so saindo entre a barba longa.
E os meus olhos ficam marejados de novo enquanto se levanta o nevão d enovo, um passeio que acaba. Uma jornada imperfeita, para um caminhante de Deus esquecido, o sonho perdido e olho do outro lado e vejo um vulto.
De cartola bem alta, e fato à medida, os olhos verdes brilhantes, o pulso em minha direcção, o sorriso enigmático, é então o Diabo que na minha miséria me socorre, uma fuga fácil.
Cuspo no chão e atiro-lhe a garrafa. Dpeois fecho os olhos e toco na minha face, não há barba nem surdez, não há nevão. Continuo o passeio pela rua abaixo, olhando para o que me rodeia, vejo o céu e sinto os sonhos, e agora me apercebo do que esta noite significa, este passeio, corro para casa e telefono a um amigo, a carta, essa irá para o correio amanhã.
Adio o meu encontro com o cavalheiro para muito depois. Aproveito aquilo que tenho, e quem sou, sei que se desistir, não haverá redenção. Quem me espera no fim de uma desistência não é a luz mas, sim a escuridão.
Sempre fui amante da luz.

domingo, 20 de abril de 2008

It's not the dining dead, it's the dying banquet

E virão dias de primavera
Brisas e solarengos dias
Mas, algo parece falatr em nossas vidas
Algo que nem o melhor sorriso conserta

Vejo pois no meu caminho
Que não existe nem puro nem real
Em todos os corações vejo réstia do mal
Acho pois que devo andar sozinho

Uns utilizam
Outros nem se lembram
Por vezes alguns humilham
E no fim não tenho nada
Apenas alguns sorrisos
De quem julgava ser meus amigos

Mas, somos todos egoístas
Não há excepção
Todos me falham o coração
De que vale sorrir
Quando na verdade quero fugir?

Dança de decadência
Enquanto há insistência
Por parte de outros que acusam
Mas, são também eles o que nos culpam

Riem-se e dizem
Que não nos devemos apaixonar tanto
Se ler mensagens vejo
Que são hipócritas presos ao desejo

Na minha efemeridade no amor
Está pelo menos a honestidade
Falta isso a todos os outros
Que não conseguem dizer a verdade

E aquele sorriso
Perfeito e bonito
Que parece que vai durar
Mas, na rua dizem que me ando a enganar

Que me utiliza e faz de mim presa
Que me educa e me torna seu vassalo
Mas, gostava de pôr fim a esta incerteza
Embora o resultado me pudesse deixar arrasado

E enganad sou também
Por quem supostamente me quer bem
Amigos supostos enamorados
Acredito neles e habilito-me a ser defraudado
Neste mundo louco, já a verdade ninguém tem

E venham com moralismos
Venham com falsos sorrisos
E histórias onde sou culpado
No entanto sei que enquanto vivem
Nesta infantilidade de vida
Eu vou estar longe e acorado

Vejo a luz ténue no bar
E discutem-se relações e amores
Apenas penso como estou farto disto
Destas histórias que vão acabar mal
Pois todos querem ficar por cima
Nada de se preocupar com quem tem a queda final

É um jogo que jurei nunca joagr
é uma dança que nunca quis dançar
Todos pensma que isto é vida
Mas, para mim é uma ironia
Perco a vida neste tabuleiro
Onde luto para ser eu e verdadeiro

Quem me engana?
Quem me humilha?
Quem me esquece?
Quem me utiliza?

Não sei, deixei de pensar
Não me preocupo, deixei de amar
Agora em frente quero andar
Encontrar algo que possa chamar de verdadeiro
Algures debaixo deste luar


Eduardo Simões " A Ode do Eremita"

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Let It Happen

Somos todos abstarctos, pensamentos que escrevemos não são sensações que vivemos, fingimentos são totais, e nunca saberemos ser reais.

Pois se me vir posso-me assutar, se te vires podes amedrontar.
E vem com moralismos, quando no final ficas sozinho por tua ignoância e teus olhos vendados.
Levo tudo com um sorriso, e isso cai mal por vezes em meus amigos, mas de que vale um momento sofrido, se tudo passa é efémero neste mundo perdido?

E cantam as ondas, e dançam os aprdais, e nasço eu mais uma vez, crio peça e visto traje, sou actor e comediante, todos somos, alguns mais perfeitos que os outros, os verdadeiros são os que acabam desfeitos.

E isto não é escrita, ou felicidade, é apenas factos da minha cabeça projectados, que desejo eu, senão tardes junto ao mar, descansado?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Who Would Understand A Turtle


Foi tudo feito para ser poesia. Tudo no mundo, desde que seja visto por tua perspectiva distorcida, será poesia.

Vou desconfortável no banco de trás. As colinas e as horas, as árvores e os segundos, tudo se mistura com o sono, perde-se noção das coisas. Cinco horas passam a parecer cinco minutos e dez minutos dez horas. Uma viagem longa sem nada para afzer, sem nada em que pensar.

Poderia abrir a boca mas, não há nada d enovo a acrescentar.

É a névoa rosa que rasga os céus, recortando as colinas e fazendo a pintura, o asfalto e as casas típicamente tão brancas cobrindo o forte e fresco riacho por trás, alimentando o moínho que funciona num mecanismo incessante, e é toda uma complexidade, todo um estratagema ou um desafio, este de ser mundo tão grande, e querer conhecer cada canto. Um jogo de Atenas entre meu coração e meu jogo.
E estou sentado, algo no fundo, vozes, risos ou simples respirares, luzes ou reflexos, um pouco de passos e de vultos mas, nada que realmente me faça pensar, e vejo.
Vejo a rapariga de cabelos louros a passar, de folhas na mão. O casal idoso de rugas na cara e marcas da enxada na mão velha mas, dura e rija, os olhos das crianças, e a beleza primaveril das mulheres.

Tudo isto visto do observatório. Da caixa em movimento.

Sou eles, sou a sua história, eles são a minha. E encosto-me cansado de pensar, ou talvez demasiado cansado para só estar acordado, vejo tudo e tudo me vê, este sou eu, atrás do vidro, sempre eu, não há nada de diferente.

é o som do carro
a passar por estradas muitas
e no céu as nuvens fazem curvas
E serão as nossas vozes surdas?
Porque pedi o céu e o horizonte
Até agora a gravidade ainda me prende
não vai um dia a alma dizer que se rende
Acorda-me e faz-me entender
Que este mundo do meu coração não se pode perder

180 Degrees in All The Mirrors

Toda a gente espera que eu escreva. Pensam ser parte de mim. Talvez seja mas, o que importa é que o que eu tenho a dizer, não é obrigado a estar aqui. Esta coisa dos blogs começa a ser uma instituição do qual realmente não me apetece fazer parte.


É como dizem: Está na moda não estar na moda.