domingo, 24 de fevereiro de 2008

So It Goes


Permitam-me divagar sobre Vonnegut durante instantes, todos as ideias e teorias que me fazem sentir confortável, talvez mais calmo do que alguma vez tenha estado.
Largo-me e separo-me no tempo, sou agora o sexto na casa de carrasco nº 5, sou um caminhante da quarta dimensão, eu estou livre no tempo.
Vejo tanto o ínicio como o fim, vejo todos os momentos, cada pormenor sem alterar, todas as humilhações, prazeres, repulsas, e ódios, vejo a minha morte e a minha criação, sem nunca mudar, sempre o mesmo passo, deixo-me recriar a mim mesmo.
E é esta a grande natureza do tempo. Repetir-se, como água, cada partícula não mais importante que o outro, apenas existentes, repetindo-se, sem nunca parar, vida, morte, nada e tudo, ao mesmo tempo.
E se é assim, olho para os punhos cerrados de amiga minha e quando a olho já não vejo a tristeza, ou a felicidade que deixou lá atrás, para mim ela só está num momento mau, ela no entanto é todos os momentos, todas as alegrias, a tristeza dela é fácil de negar, ela tem tantos momentos bons atrás.
Passado, futuro, presente, deixa agora tudo de importar, pois estou agora feliz, estou zangado, triste, apaixonado, aterrorizado, dependendo do momento em que vou parar, é isto que é importante perceber, a minha vida está em toda a minha forma, em cada momento.
E estando tudo, sempre a repetir-se, sempre a rever tudo, penso para mim mesmo que cada drama, cada perda, são só momentos menos bons, posso lembrar-me de melhores, posso fazer melhores, se não os fiz já, as oportunidades e possibilidades são infinitas. Onde já pensei, penso agora, onde sonho hoje, irei sonhar amanhã, somos todos contínuos.
E portanto, somos para sempre. Somos este sorriso de amigos, numa varanda à meia-noite, dançando e cantando. Somos dois desconhecidos bêbados a verem vídeos de terror. Somos estranhos a comprar um livro, a conhecermo-nos. Somos desconhecidos a falar de música numa manhã de Outubro.

E no entanto somos isto, somos duas pessoas, presas apra sempre, em todos e cada um dos momentos. Estou preso para sempre em momentos e agora somos dois jovens a conehcermo-nos pela primeira vez, a rirmo-nos, ingénuos sem o futuro para nos arruinar, e que brilhante futuro esse passado foi.

O beijo que seria para sempre, foi, é e será sempre eterno, no tempo repetindo-se. No meu coração e no universo ainda temos uma alternativa, ainda temos momentos, preso num fio linear, não te tenho mas, sei agora que tenho, tive, e terei-te sempre. Momento que se repete eternamente, neste caminho linear, na memória.

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