sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Day In Lisbon- Versão Em Prosa


No comboio a minha cabeça pende olhando para o caminho.
Atravesso os recantos mais remotos da memória, os locais mais distantes da imaginação. Os carris não se limitam à linha, entram-me no pensamento e param nas memórias mais importantes que me consigo lembrar.
Seja o dia em que te conheci, ou o dia em que te deixei para trás. Este comboio é um mapa de todos os contos que fazem a nossa história. Posso olhar para Belém e ver o jardim e a promessa que me fizeste. Posso olhar para Algés e ver o teu primeiro sorriso, uma memória que desvanecesse no som das linhas debaixo de mim.
Em que ponto se separaram elas(as linhas) que nos levaram por caminhos opostos, que nos deixaram a nós em cantos opostos desta vida? Porque a pessoa mais importante é agora ninguém na minha vida?
Embrenhado em questões subo a avenida, o som das vozes é relativo. É uma memória distante, estou na solidão deste instante, vendo em cada passo que dou uma mão dada e um momento outrora estimado. No entanto, não foi díficil isto acabar.
Pois aí tudo reside. O que foi então estes momentos na nossa vida? Nossa pois foi o momento em que partilhámos o que éramos mas, conheço-te eu?
Por vezes sinto que tive uma estranha na minha cama, sussurando mentiras para me deixar cair por fim, capricho de quem melhor não sabe fazer mas, quero acreditar.
Quero acreditar que não errei, que o verdadeiro mas, lá no fundo esta chuva que cai sobre mim é a única realidade, foste o verão efémero, e eu fui a diversão de um único momento?
Eu acreditava que isto ia durar, que podia um dia os nossos anos celebrar mas, não me queres mais, e desertaste-me, deixaste-me neste caminho, onde só queria estar contigo.
Não sei a verdade, nem nunca saberei, nos teus olhos nunca mais perscrutarei, vejo-te à distância. Mais uma vez viro as costas.

Nunca mais os meus olhos verás.
Nunca mais o meu nome pronunciarás.

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