quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ghost Stories IV- Michael Lock, Despair


Em Hollow Manor, haviam vários quartos. Cada quarto encontrava-se completamente isolado do outro, paredes duras com cimento e vigas de madeira.

Isolados. Escuros. Abandonados.

Alguns dos quartos não abriam, ninguém se lembrava o que neles havia, eles não queriam saber. Junto à casa de banho, havia uma velha porta escancarada e desgastada, a porta do quarto de Michael Lock.
O papel de parede com padrões de losangos estava completamnte rasgado, a memória gritava o desespero.

O desespero engolia o quarto.

A chuva batia com granizo na janela do quarto, as portadas ferrugentas rangiam ao som do vento, acompanhando o respirar pesado de Michael, o fôlego irado de uma alma em conflicto.
Os punhos cerrados ferram as unhas partidas nas cicatrizes na mão, a sua cama abandonada e desfeita. Os seus livros rasgados no chão.
A garganta arde-lhe de gritar, à uma eternidade que parece gritar, não se lembra de não o fazer.

Ele quer que o sentimento saia. A vida não acaba.

E o sujo cabelo castanho cai-lhe sobre a cara, a respiração torna-se mais foegante, a memória queima. O tempo parece não passar. Congela.

Grito. Dor. Desespero.

Não há solução, há apenas o chão. Não há volta a dar. Gritar o único alivio do desespero

Nenhum comentário: