quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Wandering
Imagino. Fecho-me em pensamentos, oblívio ao mundo em meu redor, engolido por todos os sonhos que aparentam só no meu sono residir, apagam-se os olhos e nascem outros, chamas incandescentes que revibram ao som da imaginação.
De olhos fechados é mais fácil abrir o coração, é mais fácil deixar outro mundo invadir-me, descontrolam-se as emoções, e deixam-se as preocupações espairecer, apenas resido eu e todos os mundos infindáveis que eu conseguir imaginar. Lagos e montanhas, vales e céus azuis, todas as cores, todos os fragmentos de mundo mergulham em concepções, e crio este novo mundo a que chamo de meu. Não é preciso haver mais ninguém aqui para ele existir, apenas precisa de mim para sobreviver, e eu preciso apenas dele para sonhar.
Sonhar, o meu mais infímo recluso, onde consigo realmente ser eu. Onde não sinto julgamentos de olhos alheios, nem as opiniões das pessoas que eu não quero ouvir, onde posso criar tudo, e esse tudo ser apenas belo, um sítio onde todos os meus desejos se tornam reais, onde posso escapar ás verdadeiras realidades deste mundo, um sítio onde nunca a calma se esvanecerá. É um sítio belo, o dos meus sonhos. Faz-me sentir seguro, protege-me de um frio e vulnerabilidade do mundo, entoa em mim uma canção dolente em que deixo-me apenas levar, como que uma onda.
O mundo pode esperar sem mim umas horas, enquanto eu ainda poder sonhar, enquanto houver uma alternativa a um mundo frio e por vezes cruel, se não puder sonhar, se não puder criar imagens e mundos, se simplesmente não conseguir descansar, perco os motivos para sorrir, perco-me.
E tremo a pensar como seria sem sonhos. Como seria sem estes minutos em que o mundo se cala, e eu sou apenas eu, eu e o meu mundo, onde todos os problemas desaparecem por instantes, onde posso ser feliz.
Se me tiram isso tiram-me tudo. A realidade é por vezes demasiado cruel para aguentar, preciso de sonhos para me agarrar.
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