segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Ghost Stories VIII- John Rye, Dream


No topo. Perdido. A sonhar.
No topo de Hollow Manor, subindo as escadas que nenhum habitante encontra, perdido nos pensamentos e no seu mundo, John Rye sorri e olha para o céu sem nunca desviar os olhos. Sem nunca parar de sonhar.
O observatório era uma velha torre que se encontrava parcialmente destruida, as vigas de madeira ligadas por teias de aranhas banhadas por um céu estrelado que engolia a paisagem que fazia desaparecer Hollow Manor e tornava o observatório uma ilha isolada no espaço, um mundo à parte.
Os tapetes velhos cheios de livros, as páginas soltas, virando de um lado para o outro assinalando a passagem do tempo, do vento. As palavras de pessoas, os sonhos delas, todas rodopiando ao movimento do vento, a eternidade de mentes e corações, perdidas em livros no quarto de John Rye, perdidas no céu estrelado que pintava o tecto sem limites do quarto de Rye.
Os olhos negros como pedras negras, os lábios finos esboçando um ténue sorriso, sentado numa das paredes destruidas, mergulhado no céu estrelado, mergulhado em pensamentos, perdido num barco sem vela, num comboio sem carris, um meio de transporte só seu, nadando com a lua eterna.

O tempo não passa, a eternidade é o sonho, tudo foi sempre um sonho, nada mais do que um sonho é. Em Hollow Manor o tempo não passa.

As suas preocupações parecem eternamente esquecidas para sempre, todos os problemas, todas as questões, John Rye era livre, e o seu castelo nas estrelas aguardavam-no para sempre, o céu engolia-o para sempre.

O sonho, é a mais bela das benções.

Nenhum comentário: