Faço das palavras a minha vida, faço delas o meu coração, faço delas os meus olhos para o mundo, o espelho para a minha alma, faço das palavras tudo o que sou, e mesmo assim das palavras não consigo fazer nada.
Falta-me talento, e inspiração. Não tenho alma produtora, que de um simples objecto retira a mais brilhante das descrições, não tenho olhos que passem do cenário para o texto sensações, como molduras de sentimentos, e não tenho técnica, não tenho técnica das mais simples palavra fazer brotarem sensações ou paisagens épicas, uso as palavras, não as consigo fazer representar nada.
E portanto, porque dou a vida por elas? Porque todos os dias encontro nela a segurança e o conforto que preciso? Porque é que faço isso e não consigo dar às palavras um uso merecedor da sua potência?
Escrevo, e leio, escrevo tudo o que consigo, tudo o que vem à cabeça mas, quando escrevo, o ínicio rasga pelo caminho da sensação e termina num final nunca designado e sinto-me mais frustrado do que quando havia começado, pois parece que ando à roda de um sentimento sem nunca o conseguir apanhar, de o observar, de o descrever, e assim sinto-me ainda mais perdido.
Dou a minha vida às palavras mas, como posso dar a vida a algo, se esse algo não é para ninguém. De que servem palavras se ninguém as vai ler.
sábado, 10 de novembro de 2007
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