quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Ghost Stories I- Mr. Segundus, Apathy
Escuro. Cansado.Castanho.
Assim se pode descrever o hall de entrada de Hollow Manor, cortinas cobertas de pó e sujas tapam as janelas embaciadas pelo clima frio e chuvoso de mais um Inverno no vale solitário, onde nada se mexe, onde o tempo para. Onde o tempo é um grão de areia que nunca caiu de uma ampulheta, o mundo está congelado na silhueta da sombra que se abate em forma de nuvens cinzentas e escuras.
Hollow Manor seria o que se podia de apelidar uma casa vitoriana de campo, com a torre de observatório, com as paredes brancas, e os vitrais antigos, uma casa que perdurava entre o mar, a floresta e a solidão, e a chuva esbatia sem parar, acalmando e embalando o tempo e as vidas no seu interior para todo o sempre.
A rotina, o tempo que teimava em não passar, Mr. Segundus sabia-o bem, sabia como o tempo era eterno, sentia-o quandor espirava, ele respirava cada segundo, e cada segundo era uma eternidade.
O cabelo negro e longo tapava os olhos escuros e vazios, olhava o degrau abaixo de si, carunchoso e abandonado. Nas paredes via-se quadros por limpar completamente obscurecidos pelo tempo, pinturas a óleo que pareciam todas de indíviduos a posar num dia de tempestade.
Suspirou, suspirou como se tentasse arrancar o grão de areia que teimava em não descer, tentava sentir-se vivo mas, estava vazio, nada havia a fazer.
Mr. Segundus estava sentado no terceiro degrau, não sabia à quanto tempo, era parte da divisão, simétrico, entre a luz escura do exterior, e as cortinas castanhas e velhas que o deixavam na penumbra. Olhou com olhos cinzentos para a frente, olhando o candelabro de vidro embaciado que estava coberto por um pano, não sabia o que achar daquilo, sentia-se um com tudo à sua volta mas, sentia-se vazio, sentia que estava tão desligado que nada importava.
Parou. Olhou. Encolheu-se. Cabeça entre as pernas.
Preso com a divisão, sem luz, na penumbra, como numa foto sépia, em que os sentimentos de melancolia invadem todos, Mr. Segundus está só a viver, a viver o anda ele nada quer viver
Segundus deixa-se estar, ele é parte da escrivaninha carunchosa, dos degraus, dos tapetes escarlates cobertos de pó, Segundus é apatia.
Apatia é Segundus
Apatia é a pior das sentenças.
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