sábado, 3 de janeiro de 2009

Ano em Revista

Deitado sobre as minhas costas no tapete sujo debaixo de mim, o fumo propaga-se na sala mistura-se com as misturas de álcool e os risos no jardim, e eu aqui, calado, sentado, a tentar fazer cem resoluções. Sem quaisquer resoluções.
Ano para esquecer, sempre em mudança sem nenhuma bonança, sem algo que me mantenha interessado, se não viajasse, este ano teria sido um buraco negro ao qual não escaparia, um largo livro de capítulos desinteressantes, de histórias ao qual não tenho comentários, experiências que não trouxeram alegria.
Mais e mais parecea minha vida uma ilha, que se afasta, sem pontes ou rotas de todo o mundo, cada vez que inspiro encerro a minha mente, o meu coração, a este mundo, num abrir e fechar de olhos sou capaz de nem recordar o que me trouxe cá.
A noite vai curta mas, o seu peso é imenso, na minha cabeça só grita o desejo de descansar, de esquecer os ínumeros erros que cometo, os erros que tento esquecer todos os dias, os meus olhos já nem abertos conseguem estar, anseiam o sonho.
Pois ao menos em sonhos aqui estás.
E a procura eterna continua, a procura de algo que ponha fim à inquietude do meu ser, que me conforte, e torne a brisa menos fria, e mais suportável.
Os meus amigos são muitos mas, nenhum parece compreender, esta inadaptação, este não-conformismo, e o meu futuro parece encaminahr para a escuridão, e deixo de ter certezas se alguma vez tive, começo a pensar que estou destinado a perder.
Quero amor, estrada e amizade, uma melodia, e um simples coração, peço apenas isto, já desisti de desejos de grandeza, não quero ser herói mas, sim anónimo, mas, feliz.
São doze as passas na minha mão, e há demasiados desejos para tão poucas, e não importa, pois deste ano novo, apenas me lembrarei de estar sentado à chuva sobre o nevoeiro, estropiado pelo álcool, com o fumo a queimar o meu pulmão.
E lá em cima, lá está ela, a eterna amiga, e observadora, a lua, e não consigo evitar de pensar que nela há um sorriso, que me goza, sabendo o meu futuro mas, optando por não me contar.
Sou apenas um num mar interminável, este ano só quero que alguém ouça a minha voz.

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