quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um sonho tri-partido


É no reino dos sonhos que sou Morfeu, o homem da ampulheta do tempo, onde controlo tudo à minha volta.
Crio mundos com o uso da simples imaginação e neles vivo todas as noites, revisitando e mudando a paisagem conforme o tempo passa, e a visão que dos meus sonhos alguém tentar perceber, vai-se neles perder pois é uma canção, uma canção que simplesmente só eu sei cantar.
O ínicio de uma canção que é um sonho, é uma canção no qual sou bombeiro.
Fumando um cigarro, encostado ao carro de combate, olho para o teu prédio branco perdido na imensidão do fundo negro em que se envolve. Sou o único destacado para apagar o fogo mas, quero-te ver a arder acompanhando em sinfonia o cigarro que queima entre os meus dedos.
E gritas por socorro mas, meu amor, já não sou bombeiro, sou agora um astronauta, sem a minha mão, cais no espaço e desapareces por entre as estrelas.
Essas estrelas são agora uma avenida Lisboa abaixo, e sonho que ainda gostamos um do outro, quando acordar vai simplesmente saber bem saber que estava só a dormir.

Nesta canção que é o meu sonho, seria para ti pesadelos durante semanas. Tamanha escuridão e ódio que os recantos da minha mente destinam.

Sonhei que era uma onda, enorme e infinita, bloqueando o próprio sol, abatendo-se sobre o teu barco, reclamando para mim a vida dos teus marinehiros, engolindo-te e atirando o teu corpo torcido para a areia.
E agora sou teu senhorio e despejo-te todas as noites de casa, tranco-te as portas e deixo-te agarrada à maçaneta durante o frio do nevão sempre que tiveres amantes à espera.
E caso entrasses na minha casa, seria um vampiro mas, incapaz de beber o teu sangue envenenado.

Nesta canção que é um sonho, sonhei que era tu, foi o sonho mais bonito que alguma vez tive, onde voltavamos a ser um, como foramos outrora.

Volta para junto de mim pois sem ti aqui não consigo dormir, sonhar, sou apenas um visitante nos meus sonhos, no teu coração.
E sonho agora que te salvo do incêndio por mim provocado.
Rodopio nas ondas abraçado a ti, o nosso beijo uma memória salgada de todos os momentos apaixonados do mundo, e cairemos de costas na areia juntos, como se entregues pela primeira vez ao mundo, juntos na calma de um beijo no caos do rimbombar do oceano.
Só não te salvo de mim mesmo.

E agora, eu sei que gasto milhares de palavras e que estas nunca te chegarão aos ouvidos, nem as lerás, sei que por detrás de todas esta smemórias está uma parede de tijolo, e sei que nunca serei o que foste para mim, amor, é deprimente o que a paixão faz a alguns.

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