quarta-feira, 9 de julho de 2008

Under the Ericeira Sky


Levanto-me da minha preguiça interminante em que havia mergulhado, os meus olhos cansados perscrutamos pinheiros e são iluminados com o reflexo das chamas da fogueira, o ar a pinho e o céu estrelado do campo, isolando-me das preocupações e da dor.
O meu corpo é um composto de cicatrizes e memórias, e é neste eixo do mundo, onde o homem é julgado pelos céus, que o mar me limpa as feridas, o som das ondas a embaterem nas rochas evocando a minha alma.
E ando pela escuridão, sozinho mas, acompanhado pelas estrelas que pintam o céu, protegido pelas memórias de um outra altura, caminho um apsso de cada vez, chamado pelo horizonte, pela luz da noite, e a canção do mar.
Ouvindo o som das ondas, os meus estados estendem-se e nesse momento, creio-me um Deus, um herói da História grega, acreditando poder guardar nos meus braços a lua cheia, guardar o seu brilho na palma das minhas frágeis mãos.
E não fui feito para merecer algo tão bonito, um dia percorrerei o mar, e procurarei Apolo e aí, desfaço-o do seu fardo e deixo todo o céu tombar sobre mim, pois o maior sonho de meu coração é unir terra ao céu, mar às nuvens, pois sou apenas um filho deste mundo.

Dormir sobre as estrelas, puxado pela corrente do mar, a imaginação indica-me o que quero, pena ser um desejo tão distante.

E agora canto a minha música. Um pequeno som quebrando o silêncio, o silêncio do universo que dorme o sonho tranquilo, um sonho que eu partilho, toco-lhe uma música de embalar. Um dia serei eu uma estrela lá em cima? Ou uma gota no mar? Por enquanto, toco só esta harmónica de metal, para os que possam ouvir vejam quem eu realmente sou.

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