sábado, 3 de janeiro de 2009

Chronicles From The Midwest ou Saudade & Nostalgia

Por vezes é raro encontrar este céu.
Banhado em estrelas, e uma lua que espalha a sua luz por toda a escuridão, sinto o mundo a unir-se em completa paixão ao céu, como um barco que ao ir ao fundo se une ao mar, eu sinto-me pairar no ar, e levado por uma brisa, mergulhando nas estrelas.
E sinto-me estranho olhando pela chuva para os infindáveis campos, sonhando que se atravessar este simples campo de colheitas irei descobrir todo um outro mundo.
E é isto a que tudo se resume, ao sonho que invade a realdiade que pinta todos os quadros mentais do desejo, e se por um momento desligar a música e a confusão da minha cabeça, aí irei encontrar o silêncio perfeito, o silêncio do mundo como primeiro apareceu, nem um animal nem o vento irão respirar.
Verei a estrada mergulhando na escuridão, a luz reluzindo sobre o alcatrão húmido, e o nevoeiro espairecendo.
E por momentos alcancei a perfeição na sua totalidade, não há mais poesia do que esta visão, e bate o meu coração em prazer, nunca me sentido tão estranho a olhar para o horizonte da minha terra, e penso em todas as palavras de Jack Kerouac ou Neal Cassidy, e imagino-me no banco de trás desse carro, uivando à lua e bebendo enquanto deixo a barreira entre sonho e realidade desaparecer, atravessando o mundo, estrada fora.
E o moinho roda aos primeiros sinais do vento e eu deixo-me adormecer, e enquanto o faço toda esta visão, os campos verdes,e as árvores que encerram-nos e os tornam intermináveis, apaixono-me, apaixono-me novamente pelo mundo, o meu coração batendo contra o lençol.
E penso, penso nela, penso no que nunca tivemos, penso nela.

Ano em Revista

Deitado sobre as minhas costas no tapete sujo debaixo de mim, o fumo propaga-se na sala mistura-se com as misturas de álcool e os risos no jardim, e eu aqui, calado, sentado, a tentar fazer cem resoluções. Sem quaisquer resoluções.
Ano para esquecer, sempre em mudança sem nenhuma bonança, sem algo que me mantenha interessado, se não viajasse, este ano teria sido um buraco negro ao qual não escaparia, um largo livro de capítulos desinteressantes, de histórias ao qual não tenho comentários, experiências que não trouxeram alegria.
Mais e mais parecea minha vida uma ilha, que se afasta, sem pontes ou rotas de todo o mundo, cada vez que inspiro encerro a minha mente, o meu coração, a este mundo, num abrir e fechar de olhos sou capaz de nem recordar o que me trouxe cá.
A noite vai curta mas, o seu peso é imenso, na minha cabeça só grita o desejo de descansar, de esquecer os ínumeros erros que cometo, os erros que tento esquecer todos os dias, os meus olhos já nem abertos conseguem estar, anseiam o sonho.
Pois ao menos em sonhos aqui estás.
E a procura eterna continua, a procura de algo que ponha fim à inquietude do meu ser, que me conforte, e torne a brisa menos fria, e mais suportável.
Os meus amigos são muitos mas, nenhum parece compreender, esta inadaptação, este não-conformismo, e o meu futuro parece encaminahr para a escuridão, e deixo de ter certezas se alguma vez tive, começo a pensar que estou destinado a perder.
Quero amor, estrada e amizade, uma melodia, e um simples coração, peço apenas isto, já desisti de desejos de grandeza, não quero ser herói mas, sim anónimo, mas, feliz.
São doze as passas na minha mão, e há demasiados desejos para tão poucas, e não importa, pois deste ano novo, apenas me lembrarei de estar sentado à chuva sobre o nevoeiro, estropiado pelo álcool, com o fumo a queimar o meu pulmão.
E lá em cima, lá está ela, a eterna amiga, e observadora, a lua, e não consigo evitar de pensar que nela há um sorriso, que me goza, sabendo o meu futuro mas, optando por não me contar.
Sou apenas um num mar interminável, este ano só quero que alguém ouça a minha voz.